Autoconhecimento

Lições sobre esse blog

Como muitas de vocês, sofro do mal de ter muitas ideias. E com elas, o risco de não concluir, não persistir. Eu tive sérios motivos pra adiar esse blog, depois outros tantos para não. Ouvi pessoas, me ouvi. Experimentei. Sou rápida em perceber meus ritmos, o que está por trás do fazer ou não fazer algo. Devemos buscar ser mestres em fazer isso, como tudo na vida. Saber mais sobre e como atuamos no mundo.

Abaixo, deixo 3 reflexões sobre minha fase inicial como aspirante a escritora de blog e o que vai mudar.

A importância da meta

Eu e algumas amigas usamos a expressão “pegamos ranço” para coisas aleatórias. Sabe quando falam de algo em excesso? E por mais que você tente se blindar, a palavra está sempre lá. Sendo usada repetidas vezes que até parece perder a importância?

No caso, a palavra da vez era meta. E por mais que eu saiba seu efeito positivo, quando usava, me sentia estranha. Foi então, quando resolvi começar o blog, e me deparei com a vontade de colocar a meta de um texto por semana. E claro que eu sabia que era muito, mas pra mim, era necessário. O meu risco de não fazer era grande. As minhas ideias, estudos e a vida de ir viver fora das telas, estavam crescendo cada vez mais. Se eu conseguisse metade, já estava feliz.

Então, para os 3 primeiros meses, os meus objetivos eram apenas dois. Aprender a ter um blog e não parar. Simples assim. A meta de 4 textos apareceu sem eu pensar muito. Que bom que eu segui (como deu). Que bom que eu não parei.

A gente só descobre o caminho atuando

A maior lição desses meses foi, além de não me sentir um fracasso pelo meu lado exigente e negativo, foi perceber que a gente, de fato, só é capaz de saber as coisas a partir dos movimentos. Não adianta querer estar com a ideia pronta, os templates prontos, as cores escolhidas e achar que tudo vai ser como está na cabeça. Não vai.

Vai ter dia de dúvida (muitos), vai ter dia de não conseguir. Normal. O que mais me sinalizou foi a sensação boa toda vez que eu publicava algo. Eu nunca havia sentido isso. Nessas horas eu entendia minha alma. Uma paz me preenchia. O coração leve e aberto. A realização do fazer. A gratidão.

Posso dizer que foi um período de aprendizados. Confesso que começar um blog do zero e sozinha é muito louco. Não foi por teimosia e vontade de fazer tudo, mas sim por necessidade de ME perceber escrevendo um BLOG. Só a experiência vai dizer se gosto, se quero, se devo continuar. É verdade a outra frase que dá ranço: você nunca vai estar pronta. Comece de onde está. E assim, me tornei quem eu mais temia, a pessoa que repete frases da internet!

O balanço

Chegamos em junho e meu balanço foi bem positivo dentro do que imaginei. Dificuldade imensa com as fotos, formatos e o blog em si. Ainda tenho tudo pra aprender sobre o como, mas sei mais sobre mim. Venci essa etapa. Não parei, aprender é pra sempre e ter meta me ajudou a fazer. A não parar.

Mas algo mudou, ou melhor, reforçou. Não adianta, você pode ter mentores e pessoas que te ajudem, mas a orientação interna precisa ser respeitada. Eu comecei aqui dizendo que a ideia era integrar todas as minhas partes na escrita, fotos e serviços. As viagens e o crescimento pessoal. Mas dentro de mim ainda tem uma voz grande que me diz que este não é o caminho. Pode ser o que alguém viu, mas não é o que sinto. E respeitar o que sinto é lei.

Voltar atrás, rever, analisar, mudar, encerrar. São todos verbos que fazem parte da vida criativa. E no fazer, no sentir, no ouvir e a soma das últimas experiências da minha vida, dos rumos dos meus estudos e projetos, sei que preciso manter Novas Amélias como eu imaginei no início. Sem serviços.

Nossa!! Mas como! Não oferecer algo? Não fazer atendimentos? É um hobby?

Não, é uma parte de mim. É meu espaço de cura que compartilho. Deve ser meu espaço de pensamentos livres demais pra caber em estratégias. É meu espírito livre. Como dizia na capa do meu caderno que significa muito, e está na foto desse texto. Free Spirit. Eu comprei em Londres, na minha despedida em 2016.

Essa minha parte vai precisar existir sempre. Para além de serviços e vendas. Escrevo para ir além de mim. Para provocar reflexões e mudanças. Para abrir diálogo no mundo de extremos e criar novas percepções. E sim, eu me senti limitada esse período no meu criar livremente.

Mas e agora?

Para seguir atendendo todos os meus lados, vou recomeçar o meu projeto profissional relacionado ao tema imigração. Algo que tava pronto e bonito pra ir com tudo quando chegou a pandemia. Tinha site, serviço, parcerias e vontade. Mas a vida me chamou pra outros lados. Pediu pra eu crescer onde ela entendia ser mais importante. E nesses últimos anos, me achei e me perdi algumas vezes. E nessa dança de diversos ritmos que vivi, hoje eu tenho mais clareza do que fazer. É bonito sentir isso no coração. Noto um sorriso leve no rosto, tão leve quanto o sono da Lol dormindo no meu colo nesse momento.

A vida que queremos ter precisa ser vivida. Mas ela só vai existir se a gente for com coragem e humildade. De começar sem saber, de errar e ajustar. E por que não, de recomeçar.

A clareza das ideias e o brilho nos olhos. Igualzinha a lua que acabo de olhar surgir no dia claro de verão italiano. Um céu com cores suaves, depois de mais uma tempestade. Mas parece que o vento já anuncia que logo chega a próxima. E assim, seguimos. No fluxo.

A natureza desenhando a vida diante de nossos olhos.

Fico por aqui, Junho de 2023. Agradeço!