Uma história sincera
Ontem fiz um post no Instagram e recebi um comentário que dizia sobre o quanto era bom ler uma história sincera. Melhor ainda que foi a minha prima, que tão bem me conhece, que escreveu. Ela que sempre me falou sobre a minha autenticidade. E eu, que tanto me questiono se depois de tanto mudar, a continuo mantendo. E creio que a resposta está aí, nas histórias verdadeiras que conto. Sem medo do que vão pensar.
Porque no fim, meu único medo, é trair a mim mesma.
Para quem não leu, o post contava sobre um feriado meio torto que tivemos. O destino bom estava lotado, acabamos num lugar que não era legal, tava frio e vento. A previsão era sol. E contei um pouco sobre o tom que teve o passeio, sobre as viagens e os significados que podemos dar. Sobre o que vi e senti ao me permitir não entrar em pensamentos negativos. Simplesmente estando lá. Essa é a parte fundamental, ser facilitador da vida. Como a gente pode querer viver o fluxo, se negamos adversidades? Como queremos ficar bem se inventamos histórias pra fugir da realidade?
Enquanto não fazia fotos, pensava. Pensava… Andava… O normal é andar e fazer fotos. Amo esse movimento. E nada saía. Engraçado que ao me propor a escrever nesse blog, me veio também de colocar alguns detalhes e relatos dessas pequenas viagens que faço aqui na região. Contar uma outra parte da Itália, longe dos pontos famosos. E eis que nem uma fotinha legal eu ia ter pra usar. Foram pensamentos que passaram por mim. Mesmo sem ter planejado um artigo, percebi mais uma vez o quanto podemos contar mentiras ou verdades. O quanto eu poderia escolher os pontos mais bonitos que haviam e inventar que aquele passeio havia sido incrível.
Bastava uma foto de porta bonita, de uma rua estreita, de uma janela florida, da entrada do Museu e da Igreja principal. Pronto. Terreno fértil para encantar. Só que seria mentira. Receber esse comentário sobre ser bom ler uma história verdadeira, só reforçou o que pensei na volta. Vivo escrevendo textos na mente, a estrada é boa pra isso. E era justamente esse meu pensamento: não posso falar do que não vivi.
A gente precisa de honestidade para contar alguma coisa pra quem não está presente.
A gente precisa ser fiel ao que sentiu. Ainda, que eu possa sentir o oposto do que sentiu outra pessoa. Até porque isso faz parte da subjetividade humana. É natural. Agora, mascarar o que vi, mudar o que se passa por mim para parecer bonito ou legal, é falta de respeito. É não ser de verdade.
Numa época que é fácil contar sucesso do outro lado do mundo, escolho falar da vida simples que levo. Não quero convencer quem me lê que minha vida é fácil, leve e realizada. Que morar fora é uma maravilha. Quero apenas emprestar minhas lentes, para que cada um construa seu caminho e escreva sua autêntica história. No final do dia, e da vida, será ela a nos lembrar que cada passo dado teve seu valor. Somos únicos.